Parece estranho e até um tanto contraditório que na era da comunicação as pessoas e empresas estejam cada vez mais com dificuldades em se comunicar. Um apanhado de estudos e artigos vem sendo apresentados de forma a analisar e contextualizar o lugar e impacto da comunicação na sociedade globalizada tanto referentes a aspectos individuais quanto corporativos e todo esse desenrolar social que se estabelece de forma frenética, como a comunicação vem se transformando a partir do desenvolvimento da tecnologia e a influência digital e midiática Margarida M. Kröhling Kunsch em seu artigo de tema: Comunicação organizacional na era digital: contextos, recursos e possibilidades diz :“ Em Enigmas da modernidade-mundo, Octávio Ianni (2000, p. 155), reflete sobre o poder da mídia na sociedade contemporânea, usando a metáfora do “príncipe eletrônico”. Ele estabelece uma relação entre o príncipe de Maquiavel e o moderno príncipe de Gramsci. Gianni Vattimo, em A sociedade transparente (1991), fala do advento da sociedade da comunicação e do papel preponderante que exercem os mass media, fazendo com que tenhamos uma sociedade transparente e complexa ao mesmo tempo.
Do ponto de vista relacional, talvez em toda a história da humanidade contemporânea, jamais estivemos em maior desconforto social pela falta de habilidades em se comunicar. Um paradigma a ser pensado, estudado e ajustado com toda a certeza. A agilidade, superficialidade e desconexão das relações geradas pela era digital está levando as pessoas a um fenômeno de desaprendizagem de comunicar, onde quem sabia, está ficando enferrujado e desaprendendo a se comunicar e quem nunca soube tem pouco material humano a que recorrer para aprender a tão valiosa arte. Comunicar é muito mais do que falar, ouvir, assistir ou ter e dar likes, passa por processos extensos de treinamento de construção de raciocínio, coerência de pensamentos e entre esses e ações, gestão de relacionamentos, empatia para gerar conectividade e o mundo está ficando anti social. Não é por acaso que um dos transtornos mais presentes nas sociedades hoje em dia é a agorafobia (transtorno de ansiedade que muitas vezes se desenvolve após um ou mais ataques de pânico. Os sintomas incluem medo e evitar lugares e situações que possam causar sensação de pânico, aprisionamento, impotência ou constrangimento) na maioria dos casos relacionados a ambientes em que se encontrem muitas pessoas, ou seja, um problema relacional. Quanto mais a capacidade de comunicação consigo e com o mundo vai ficando escassa, mais a necessidade de se proteger de agentes estressores como o contato humano. É muito mais cômodo e infelizmente também mais comum hoje em dia se posicionar, se desentender, se opor, se manifestar e até findar relacionamentos e promover demissões por mensagens e e-mails pois existe uma falsa segurança de proteção pelo anteparo das telas. Se relacionar de forma física e presencial demanda muito mais energia e traquejo social. Parar, prestar atenção, ouvir, entender o outro, analisar o contexto e posições do outro são ações que demandam entre outras coisas um laborioso requisito comum, a conexão. Esse estar presente de forma física, mental e emocional e é essa a grande habilidade que tem se esvaindo de todos nós com o advento das mídias sociais e da comunicação digital e imediata. Por trás das telas somos Deuses que estão ali para serem satisfeitos e agraciados com o que nos é mais prazeroso, graças a inteligência artificial dos Algoritmos. Mas na vida real não há essas bases de dados imediatas para nos fazer comunicar com mais assertividade, e velejar por mares calmos ou seguros pela análise de dados. Longe da idéia de atacar os meios de comunicação da era digital o que se propõe aqui é e sempre será o equilíbrio. Um exercício de migrar parte do tempo gasto de forma digital para o analógico. Mas então a questão agora é, como fazer para reaprender essa linda e antiga arte de se comunicar? Onde estão os manuais, os livros os textos e lives que nos ensinarão a antiga arte da comunicação verbal? Estão em todos os lugares em maior ou menor quantidade, mas uma pergunta ainda povoa a mente desta modesta pessoa que escreve: Será que as pessoas que estão sofrendo pela desaprendizagem da capacidade de comunicar estão dispostas a abrir, mas desse imenso mar de conforto que é evitar relações para voltar a se comunicar de forma conectiva? Considerado um dos precursores da teoria hipodérmica, Harold Lasswell (1978, 2002) foi também um dos primeiros autores a amenizar a influência mecanicista do estímulo-resposta, passando a considerar as diferenças individuais e as influências provocadas pelas categorias sociais. É também o primeiro autor a tentar formular uma teoria da comunicação a partir da identificação dos componentes do ato comunicativo. Para ele, uma forma conveniente de descrever o ato de comunicação consistiria em responder às questões: quem, diz o quê, por meio de qual canal (meio), a quem, com que efeito? De uma só vez, Lasswell identifica a fonte da informação, a mensagem, o meio ou canal, o destinatário e o efeito provocado pela ação. . A partir da tese de que as pessoas resistem à influência da comunicação, uma nova corrente, baseada em estudos psicológico-experimentais, passa a evidenciar a complexidade dos elementos que estão em jogo na relação emissor, mensagem e destinatário: é a chamada abordagem empíricoexperimental ou da persuasão (WOLF, 2003, p. 17-32). Diferentemente da teoria hipodérmica, a teoria da persuasão insere, entre o estímulo e a resposta, os processos psicológicos que podem intervir na recepção da mensagem.